Met Gala 2025: Black Dandy, looks de tirar o folêgo e críticas superficiais
Veja os melhores looks segundo o Malagueta
Na segunda-feira, 5 de maio, aconteceu a edição de 2025 do Met Gala, o tradicional baile beneficente organizado pelo Costume Institute do Metropolitan Museum of Art, em Nova York. O evento, que reúne celebridades e figuras influentes do mundo inteiro, tem a cada ano um tema central, inspirado em uma das exposições do museu.
Neste ano, o tema foi “Tailored for You” — em tradução literal, “Sob medida para você”. A proposta foi inspirada na exposição “Superfine: Tailoring Black Style”, que homenageia o estilo Black Dandy, um movimento nascido da moda negra masculina no século XVIII.
Pela primeira vez na história, o tema do baile faz referência direta à moda masculina de homens afrodescendentes, marcando um posicionamento da instituição em favor da inclusão e da diversidade. No entanto, nem todos concordaram que o tema foi bem representado e explorado pelos organizadores.
O que é Black Dandy?
O termo dandy se popularizou na França pós-revolução e passou a ser associado a homens boêmios e intelectuais. Seu estilo era marcado por calças de alfaiataria sob medida, gravatas de seda, casacas e chapéus.
Contudo, para a população negra, ser “dandy” adquiria um significado distinto. Na época da escravidão, era comum que donos de negócios vestissem seus escravizados com roupas formais e luxuosas como forma de demonstrar riqueza e prestígio.
No século XX, após a abolição da escravidão, ex-escravizados se apropriaram desse estilo e o ressignificaram, transformando-o em um espaço de expressão pessoal e política. Ao longo dos anos, o Black Dandy evoluiu, incorporando diferentes referências culturais e temporais das comunidades negras ao redor do mundo.
No livro Slaves to Fashion: Black Dandyism and the Styling of Black Diasporic Identity, a autora Monica L. Miller explica como o movimento vai além do vestuário, abraçando mudanças sociais e identitárias. Monica também participou da curadoria da exposição que inspirou o tema deste ano.
As influências variam ao longo do tempo e do espaço: nos anos 1950, por exemplo, a chegada de homens negros às universidades norte-americanas introduziu elementos colegiais ao estilo. Já o Black Dandy africano, popular no Congo, é marcado por cores vibrantes, estampas e pedrarias, contrastando com o clássico terno listrado americano.
Os melhores looks do Met Gala 2025
Muitos artistas compareceram no Met Gala 2025 e conseguiram entrar bem no tema, sempre trazendo uma assinatura pessoal. Veja os melhores looks do Met Gala 2025, segundo o Malagueta.
Doechii
A rapper Doechii participou pela primeira vez do evento e entregou tudo. Vestindo um look custom made da Louis Vuitton, incorporou o estilo Black Dandy com toques de sua personalidade, optando por um corte colegial combinado com seu tradicional black power.
O look de Doechii foi assinado pessoalmente por Pharrell Willians, diretor criativo da marca conhecido por incorporar aspectos da moda negra nos designs da casa de luxo.
Laura Harrier
O look da atriz Laura Harrier, assinado pelo designer Zac Posen em projeto para a GapStudio, trouxe leveza e glamour para o evento. Além de estar perfeitamente dentro do tema, com um colete bem ajustado, mangas e calças largas, o look combina tecidos diferentes de forma majestosa e o corte traz movimento para a peça.
Cardi B
A rapper Cardi B marcou presença no Met Gala com um terno verde brilhante assinado pela Burberry. O look, que impressiona pelas cores e detalhes de bordado, é inspirado em corsets da época Vitoriana e combina o dandismo clássico com expressões mais atuais do movimento, nas quais vemos cores mais fortes e vívidas.
Rihanna
Rihanna fez um retorno marcante ao Met Gala em 2025, após não participar da edição anterior por questões de saúde. Além de brilhar com um visual sofisticado, ela surpreendeu ao revelar sua terceira gravidez de forma sutil, porém poderosa, diretamente no tapete vermelho.
A artista usou um look assinado por Marc Jacobs que reinventava a alfaiataria tradicional com uma pegada moderna. A produção incluía um bustiê de lã combinado com uma saia de risca de giz, que trazia uma cauda estruturada remetendo a um paletó amarrado, além de uma jaqueta cropped. Para arrematar, ela apostou em uma gravata, botas cinza que iam até os joelhos e um chapéu de aba larga.
O penteado, um coque elegante com extensões longas até a cintura, reforçava o ar refinado da composição. O figurino evidenciava de forma elegante sua gestação, sem que fosse necessário qualquer anúncio formal.
Sabrina Carpenter
A cantora e compositora Sabrina Carpenter uniu perfeitamente sua marca pessoal com o tema do Baile em um look sob medida Louis Vuitton. O blazer com calda bem marcado com botões de pedraria e o detalhe do colarinho trazem o estilo Black Dandy para o mundo de Sabrina, sempre sexy e ousado.
Alton Mason
O ator e modelo Alton Mason brilhou, literalmente, no tapete do Met com um look custom made da BOSS. Ombreiras marcadas em um casaco oversized, acentuaram o estilo Black Dandy do século XX, mas sem deixar de lado o estilo de Alton, que gosta de muito brilho.
André 3000
Andre 3000, que é conhecido por apostar sempre em looks nada convencionais, apareceu no Met Gala com um piano nas costas. O cantor assinou este look em parceria com a Burberry e quis trazer para a discussão a relação entre moda, identidade e música.
Ayo Edebiri
A atriz Ayo Edebiri brilhou no Met Gala 2025 com um look profundamente pessoal e elegante, homenageando seu pai e suas raízes culturais. Vestindo uma criação de Maximilian Davis para a Ferragamo, Edebiri optou por um vestido-camisa longo de lã e seda, adornado com miçangas de vidro vermelhas, combinado com um casaco de couro com cauda.
O visual foi inspirado no traje de casamento de seu pai, que usou calças de couro e casaco de fraque, refletindo o estilo dândi que ele sempre apreciou. As miçangas vermelhas remetem aos corais usados em trajes tradicionais nigerianos, conectando suas heranças nigeriana e barbadiana.
Edebiri completou o look com joias vintage da Cartier, unindo tradição e sofisticação. A maquiagem, com olhos esfumados e lábios brilhantes, adicionou um toque moderno ao conjunto, equilibrando perfeitamente o clássico e o contemporâneo.
Jodie Turner Smith
A atriz britânica Jodie Turner Smith fez uma homenagem a Selina Lazevski, amazona negra que viveu durante a Belle Époque em Paris e foi fotografada por Paul Nader em 1891. A cintura acentuada marca a silhueta Vitoriana comum da época em um look que é mais que uma homenagem à cultura negra, mas também à cultura feminina.
Damson Idris
Com uma transformação genial na entrada do tapete, o ator Damson Idris conseguiu fazer o que todo mundo quer, mas não consegue: promover seu filme no Met Gala, sem sair do tema. O ator chegou em um carro de corrida e com macacão de fórmula 1, simbolizando o filme “F1” que será lançado este ano, mas no tapete revelou um terno vermelho elegante e charmoso assinado pela Tommy Hilfiger.
Lauryn Hill
Lauryn Hill fez seu debut no Met Gala e reafirmou sua batalha por representação negra verdadeira, sendo uma das únicas participantes a usar um look assinado por uma designer negra. O look foi pensado e desenvolvido pela designer ganense Jude Dontoh, dona da marca “Tribe of God”.
O terno e capa glamourosa foram combinados com uma sombrinha amarela, fazendo referência a um costume tradicional de Gana, onde pessoas importantes e realeza eram protegidos por uma sombrinha “Benkyinie.”
Teyana Taylor
O look da cantora e atriz Teyana Taylor, assinado pelo vencedor do Oscar, Ruth E. Carter, era rico em simbolismo e extravagância. Além de trazer os detalhes clássicos do estilo Black Dandy, com uma longa capa e um chapéu de pena, a atriz trouxe ainda mais representatividade negra optando por usar um durag por baixo de seu chapéu.
Em entrevista para a Vogue, a cantora contou que optou pelo excesso, pois durante a história dos Estados Unidos a população negra sempre foi privada de tudo, inclusive de roupas, tendo que usar o próprio corpo para protestar contra a discriminação.
Zendaya
Zendaya chamou atenção no tapete vermelho com um elegante conjunto branco de três peças da Louis Vuitton. A produção incluía uma calça flare, um blazer com aplicações que imitavam pele de cobra prateada, um colete ajustado e uma gravata, além do chapéu de aba larga que faz referência ao icônico visual de Bianca Jagger em seu casamento com Mick Jagger nos anos 70.
O look evocou elementos do dandismo negro e dos zoot suits dos anos 40, dialogando diretamente com a tematica central. Outro detalhe marcante foi o anel de noivado de 5,02 quilates, presente de Tom Holland, que Zendaya exibiu discretamente.
O que significou a escolha do tema Black Dandy?
O Metropolitan Museum of Art comemorou a escolha do tema “Tailored for You” como um marco para a diversidade e a inclusão nas exposições e eventos promovidos pela instituição. Contudo, criadores de conteúdo e personalidades da comunidade negra acharam a abordagem do tema rasa e cobraram a presença de celebridades importantes para o movimento negro que não foram convidadas.
É inegável que no contexto atual dos Estados Unidos, qualquer movimentação anti-racista deve ser valorizada. Todavia, criadores como Nikesh Pandya-Gudka, administrador do perfil notsoquietluxury, realçaram o fato de que a maioria dos looks foi assinado por grandes casas de design, que não representam a moda negra.
Outro ponto discutido foi a ausência do influencer e fashionista Wisdom Kaye, nascido na Nigéria e grande ativista da moda masculina negra. Wisdom é conhecido por criar looks contemporâneos que remetem ao estilo Black Dandy em seu dia a dia e, para muitos, ele não ter sido convidado mostrou a superficialidade do tema apresentado pelo Met.
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